domingo, 31 de maio de 2020

LÁ NO EGITO

Quando nos encontramos onde não queremos estar, consequentemente, imaginamos  como seria maravilhoso ir à um lugar melhor. Pode ser um lugar de verdade ou algo ligado aos nossos sonhos  e sentimentos, ok? Aí, um dia, cansados ou inconformados com aquilo que nos faz mal, vamos embora. 
Só que tem o seguinte:

Se o lugar que almejamos chegar realmente vale a pena, não chegaremos nele com facilidade, muito menos de uma hora para a outra!

O caminho será complicado. Por isso, em algum momento, quando as dores e as demais dificuldades chegarem, vamos achar que talvez não tenha sido uma boa ideia sair de onde saímos. Consequentemente, surgirá o "Será que vale a pena passar por isso?" e o "As coisas eram melhores onde eu estava". Então brota o "Por que continuar?". Chegamos até a acreditar que o lugar no qual queríamos chegar não existe ou que, se existe, não foi feito para nós. Neste momento, a dor danificou a nossa capacidade de  diagnosticar as circunstâncias. Ver além do que sentimos no presente torna-se quase impossível. Quase, ok? Por isso, por ser só quase, podemos acreditar que aquele ditado no qual fazemos uma limonada após ganharmos um limão da vida tem muito a ver com a postura que devemos assumir quando a "linha de chegada" parece distante. 

Agora, é bom deixar claro que tão importante quanto o nosso destino é o caminho que escolhemos para chegar e como nos posicionamos nele. É no caminho que a vida acontece. É no durante. É como cantor Estevão Queiroga disse em "A Partida e o Norte": 

"O caminho muda, e muda o caminhante.
É um caminho incerto, não um caminho errado.
Eu, caminhante, quero o trajeto terminado.
Mas, no caminho, mais importa o durante.
Deixei pegadas lá no vale da morte.
Um solo infértil aos meus muitos defeitos.
Minha vida alargou-se em caminhos estreitos
e eu vi você.
A Partida
e o Norte"

Que com a força daquEle que é a Partida e o Norte suportemos qualquer dor e cansaço, e enfrentemos até o fim todas caminhadas e corridas que a vida nos propuser.

EM OBRAS


Por estarmos decepcionados com os outros e com a gente mesmo, há momentos nos quais dá uma vontade de nos cercarmos de tapumes, começarmos uma nova obra em nós, e só voltar a "funcionar" quando estivermos fortes o suficiente para encarar os problemas e as dores que surgem. Enfim, queremos colocar na nossa testa uma plaquinha com as seguintes palavras:

"EM OBRAS" 

Quando o assunto é a construção de um prédio ou a adequação de um estabelecimento às normas vigentes em um país, o procedimento citado acima faz todo o sentido. Mas, quando queremos fazer o mesmo no que diz respeito a nossa vida, fazemos uma baita besteira. Não há como entrarmos em modo de hibernação e colocarmos para funcionar, assim que acordarmos, a função "ser forte pra enfrentar qualquer coisa". Isso não existe. Nos tornarmos fortes vivendo, encarando, não fugindo dos problemas e nem fingindo que estes não existem. Nos cercarmos, instalarmos tapumes existenciais, e nos isolarmos de gente, só nos adoecerá. Sérinho.
Quando Deus disse que não era bom que homem estivesse só, Ele falou uma das maiores verdades da vida. Sozinhos, podemos muito pouco ou nada.

Em tempos crise, entrar em obra/reforma é essencial. Isso é inegável. Só que, na verdade, esta obra deve ser um mutirão. Precisamos da participação de outras pessoas nesta reconstrução(chame como quiser chamar). Sei que fomos machucados por pessoas, mas ainda existe gente que nos ama e não quer nos machucar. A princípio, você pode contar com estas. E, estando um pouquinho mais fortes, podemos até contar com aqueles que nos machucaram, mas não fizeram por querer. 

Quero muito aprender a viver assim. Por isso, agora, estou em obras, mas não vou trabalhar sozinho. 

#NãoÉBomViverSó

R$10,00 RASGADOS

Em um dia desses, andando pela Central do Brasil, reparava na quantidade de moradores de rua que existiam ali, quando, do nada, vi no chão uma nota de R$ 10,00 ao lado de um casal que havia acabado de acordar. Estranhei o fato dela se encontrar ali sem que fosse pega, e, por isso, pensei: "É sério que eles não a viram?" Olhando de perto, consegui entender o porquê da indiferença. Ela estava rasgada. Não rasgadinha. Estava rasgada como se o motivo dela estar assim fosse uma briga. Aí, pensei: "Tem alguma lição nessa parada aí."

Na verdade, existem algumas: 

1 - Se ela foi rasgada após uma briga, fica claro que ninguém ganhou. E, se ambos dependiam daquele dinheiro para fazer a refeição do dia, ficaram com fome. Pensei isso, pois tal atitude é a cara das pessoas do nosso tempo. É o famoso "eu posso até não ter, mas farei o possível para que você também não tenha". Tal comportamento não é exclusivo da atualidade. Que isso fique bem claro. Mas, nela, acredito que mais do que nunca, a exceção é pensar no bem comum. Como na pós-modernidade o certo é o que eu sinto que é certo, cheios de "razões", fazemos coisas estúpidas por que não conseguimos enxergar nada além de nós mesmos. 

2 - Por causa do mal que nos fizeram e das dores da vida, quando não administramos bem estes males, estamos perto de quem poderíamos abençoar, porém, por que nos deformamos, já não somos mais capazes de fazer algo diferente do que ficar estirados no chão sendo levados para onde o vento quer. O que aconteceu conosco neste momento? Viramos uma nota de dez rasgada. Na verdade, tanto faz o valor. Viramos inúteis, e, por esse motivo, já não conseguem ver em nós o valor que já tivemos. Na verdade, nem nós conseguimos ver este valor. 

MAS...

Há esperança para nós! Afinal, existe alguém que nos olha e vê um valor inestimável. Não é um texto motivacional, ok? Só quero dizer que a consciência de quem somos nEle é o que nos trará valor e nos fará parar de voar sem rumo. Diferente da nota rasgada, nós temos escolha, e, só permaneceremos rasgados se o nosso conformismo for maior do que a nossa vontade de viver e de ser útil.