segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Tentado a ser um zumbi

Na primeira temporada de “The walking dead”, quando o Rick e o seu grupo chegam ao CDC, eles encontram um cientista que, além de lhes conceder abrigo, explica a ação do vírus que transformou parte da raça humana em zumbis. Não me lembro muito bem de tudo o que ele falou, mas me recordo que aquele que fosse contaminado teria um desejo insaciável de se alimentar de... de... ah, a gente sabe do que. Mas, verdadeiramente, este texto não tem como lição o “não coma pessoas”, afinal todos nós já sabemos que não devemos nos alimentar do nosso próximo. Pelo menos, acredito eu, que sim. Mas então... A ideia central deste texto está ligada a semelhança que temos, em alguns momentos, com estes mortos vivos no que diz respeito a agir sem o normal funcionamento da mente em busca de satisfazer o nosso instinto. 

A frase a seguir é a que me mostrou a tal semelhança:

“...A parte humana é só uma casca estimulada por instinto irracional”
Edwin Jenner                         

*frase dita no episódio 6 da primeira temporada da série.

 Aí você  deve se perguntar: “Ele está querendo dizer que somos iguais aos zumbis? Como assim?” É isso mesmo, meu amigo. Quer que eu exemplifique? Olha aí então:
Há momentos nos quais desligamos a nossa consciência e nos permitimos fazer o que o nosso insaciável desejo de se alimentar quer que façamos.

*Ah, só para deixar claro: Não estou falando literalmente de comida. Na verdade, não só. Até porque, ela também está inclusa entre as coisas que são objeto de desejo dessa fome insana. Mas digo o “não só”, pois o “alimento” pode variar, de individuo para individuo. Por isso, foquemos no que nos leva a agir como agimos e em como fazemos isso.

Voltemos então...
Quando isso acontece (quando desligamos a consciência), ignoramos tudo o que acreditamos ou dizemos acreditar. Como isso acontece? Como chegamos a esse estado? Primeiro, temos que considerar que nós somos os responsáveis para que o zumbi que há em nós não seja liberto. A responsabilidade é nossa, ok? Agora, pensemos na seguinte situação:

Do que eu alimento a minha mente?

Por não entendermos muito bem como são assimiladas pela nossa mente as diversas informações que recebemos, permitimos que qualquer coisa entre na nossa cabeça, partindo do principio que não há nada demais em permitir que ela entre, pois aquilo não provocará nenhuma reação nociva em nós. E é aí que o peixe morre. Naquilo que, aparentemente, não leva à morte, mas sim à satisfação, à matar a fome.
É nisso que morremos. O interessante é que no nosso caso o resultado de morder a isca pode ser imediato ou não, mas perceptível, muito provavelmente, não será. Por quê? Por que entorpecidos pelo prazer, pela satisfação, já não há em nós consciência. E é aí que foge o zumbi que nós não deveríamos permitir que fosse liberto. É como se o que acreditamos não ter nada a ver fosse uma faísca que foi de encontro a uma atmosfera explosiva que existe no nosso interior. Qual é o resultado? Estrago é o resultado, meu irmão.

Só para terminar por enquanto:
Aquele que acha que tudo isso que estou falando é estupidez dirá que se não fazemos o mal a ninguém, não cometeremos erro algum ao nos permitir. O mesmo também dirá que não há pecado algum ao fazer isso e que é só coisa que querem colocar na nossa cabeça para que nos sintamos culpado, pois, enquanto culpados que precisam de perdão, somos presas fáceis para aquele que diz ser o único que pode interceder por você, mas é claro, mediante a um favor seu. E quer saber? Em parte eu concordo com quem dirá isso, pois, verdadeiramente, existem pessoas que se beneficiam em diversos aspectos com a culpa dos outros. Mas, quer saber de uma outra coisa? Deus não tem nada a ver com o discurso dessa gente que quer se beneficiar em cima dos seus erros existentes ou criados por estes para te aprisionar. Até porque, ouve aí:
Alguém já morreu por você, para remissão dos seus pecados. E este alguém, sim, é aquele que é o caminho, a verdade e vida. Ah, saiba que ninguém vai a Deus se não for por Ele. Por isso, o charlatão é só mais um charlatão. O caminho é Jesus.

Mas voltando...
A parte que discordo é a que diz que só estamos errados se fazemos o mal a alguém. Por que, concorde você ou não, ao não fazermos o bem, erramos tanto quanto aquele que faz o mal e fazemos o que ele faz ao deixar de fazer que deveríamos ter feito. Goste ou não, é o que é, meu irmão.  E nesse mundo, tomado pelo vírus do viva para si mesmo, onde o que importa é a minha vida, o meu prazer, a minha satisfação, o meu querer, essa palavra cabe muito bem.

Para alguns, agir como um zumbi será um acidente, entretanto, para outros, será o seu viver normal.

A morte do chorão

      Quando era mais novo, ouvia direto Charlie Brown Jr. Ouvia, pois suas letras iam de encontro ao que eu vivia na época. Falavam sobre amor entre pessoas de classes econômicas diferentes, sobre politica (com agressividade), e também sobre curtição. No meu pequeno conhecimento de mundo, achava que aquele homem (o Chorão) tinha as respostas para as questões da vida. Mas, como diria o mesmo: 


"Um dia a gente cresce, conhece nossa essência e ganha experiência, aprende o que é raiz, então cria consciência."
      E quando isso começou a acontecer, percebi que aquele homem no qual eu depositava a minha fé, por mais que tivesse uma baita inclinação ao bem e à contestação, não possuía as tais respostas. E mais, ele também precisava das mesmas. Precisava demais!

Parece-me, que ao ver que não poderia mudar tudo aquilo de ruim que acontecia, chegou à essas conclusões:
"O que importa é se sentir bem. O que importa é fazer bem." 

      A segunda afirmativa é fantástica, pois é muito prazeroso fazer o bem à alguém. Fazendo o bem começamos a fazer a diferença, pois a mudança que queremos deve começar em nós.

      Já sobre a primeira, não tenho a mesma opinião. Por quê? Nem tudo o que me faz me sentir bem me faz verdadeiramente bem. E é aí, que, segundo a minha forma de pensar, ele, outros ídolos com mentes geniais, e seus fãs se perderam ou se perdem. Se perdem, porque nem tudo o que nos dá prazer, em qualquer aspecto, vai trazer sentido ao nosso viver. O que um dia me leva a esquecer os problemas pode virar um problema maior ainda. O que nos satisfaz agora, algumas vezes, pode nos levar à dependência disto, e a consequente alienação em diversos assuntos da vida.
Estou longe de ser perfeito, mas não quero que nada que, aparentemente, me faça bem agora tire a minha vida e leve-me à simples existência.


ELE FOI BRILHANTE, MAS NÃO TINHA AS RESPOSTAS!

NÃO ESQUEÇAMOS DISSO!

segunda-feira, 24 de julho de 2023

BORA FALAR SOBRE VIDA CRISTÃ?

Na vida cristã, se de fato a gente está tentando viver a vontade de Deus, um dia de cada vez, evolução por evolução a gente vai se parecendo mais com Cristo. E é fácil viver isso aí? Não. Nem um pouco. Afinal, existem muitas coisas em nós fora lugar e estas não serão organizadas sem que tomemos a iniciativa de mudar.  Eu não sei se com vocês isso já aconteceu, mas não foram poucas as vezes na vida em que decidi focar em Deus e em suas coisas e acabei falhando. Por quê? Por que vida com Deus não se limita a não fazer o que é errado e a fazer coisas na igreja. Vida com Deus é relacionamento. E um relacionamento neste nível exige intimidade. E este tipo de intimidade exige busca. Logo, deixar de fazer certas coisas e fazer outras na igreja ou fora dela é consequência deste relacionamento.

Obs: Tentar fugir do pecado pela própria força é burrice e se jogar no ativismo religioso é autoengano. 

Há um tempo atrás, ouvi uma mensagem que me ajudou bastante no processo de entender este processo. rs

"Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.(Filipenses 1:6)"

Usando o versículo acima, o pregador da mensagem que falei deixou claro que para produzir de forma saudável e com propósito precisamos produzir/fazer a partir do que o Espírito de Deus tem produzido/feito em nós. 

Como isso funciona? Quando busco a Deus de todo coração lendo a sua Palavra, orando, amando o próximo, me relacionando com Ele, o seu Espírito vai gerando em nós mudanças, entendimentos, aprendizados e práticas resultantes da sua boa, perfeita e agradável vontade. 

Beleza? Seguindo:

A partir deste este entendimento, Deus confirmou para mim que o jeito certo de focar em nEle e em suas coisas se dá no permitir que o seu Espírito aja em nós e consequentemente através de nós. Por isso, vida com Deus é relacionamento. 

Sendo assim, se a gente está vivendo certo, há um lugar na vida para Deus e o relacionamento que devemos ter com Ele. E tipo: Não é um lugar qualquer ou compartimentado na área religião. É um lugar central, é o fundamento a partir do qual nos relacionamos com todas as demais áreas da nossa vida e com os diferentes papéis que exercemos nela. 

Diferente do que muitos religiosos pensam ou do que o próprio mundo entende deste relacionamento, Deus não despreza a nossa humanidade, desejos e necessidades. Por nos amar e saber o que é melhor para nós, Ele quer colocar tais coisas em ordem e nos conceder nEle a fonte da melhor vida que podemos viver. A gente só tem que confiar e fazer a nossa parte. Não é pouco, não é fácil, mas vai valer a pena.

CONTINUA...








sábado, 15 de janeiro de 2022

SE DESVIAR DO MAL


No primeiro versículo do  capitulo 1 do livro de Jó somos informados a respeito do tipo de pessoa que ele era. O mesmo é chamado de integro, reto, temente a Deus e apresentado como alguém que se desviava do mal. Veja:

“Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal.”
                                                                  (Jó 1:1)


O quero destacar ao escrever este texto é o trecho "desviava-se do mal". Pode ser? Vamos lá.

Pense comigo:

 Partindo do princípio de que Jó desviava-se do mal, podemos dizer que de alguma forma este ia de encontro a ele. Acredito que assim como nas nossas vidas a presença daquilo que desagrada a Deus e uma consequente luta contra isso era uma constante na vida daquele homem. Contudo, mantendo a sua integridade e retidão, Jó conseguia desviar desse mal usando da sua capacidade de diagnosticar aquilo que atrapalhava a sua comunhão com Deus. Você pode discordar, mas acho que está aí maior qualidade deste homem.  Onde? No saber identificar e diferenciar o bem do mal. 
Tenho percebido que essa função em nós muitas vezes não está habilitada. Ah, você pode discordar novamente, mas acredito que é por isso que chamamos o bem de mal e o mal e o nada a ver de bem. 

Há um provérbio que demonstra bem esse defeito nosso. Olha aí:

“Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.”
                                                        (Provérbios 14:12)

  • É bom destacar que dentro de como funcionava a relação que Deus queria ter com o homem no período histórico de Jó, com o seu modo de viver, este agradava a Deus. Podemos dizer que dentro do que ele conhecia do caminho ele era fiel. 


Você pode discordar novamente, mas acredito que temos falhado nesse sentido. Por quê? Porque hoje parece que não entendemos que o caminho para desviar-se do mal é Jesus. Parece que não compreendemos que o relacionamento que Deus quer ter conosco está diretamente ligado a Ele. 

Olha aí:

“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.”
                                                              (João 14:6)

 Da maneira que vivemos, muitas vezes, não vivemos como quem tem o Filho de Deus como caminho. Por quê? Porque sendo Ele o caminho, é nEle e com Ele que temos que caminhar. É como Ele mesmo disse:

“E chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me."
                                                             (Marcos 8:34)

No mundo no qual vivemos o negar a si mesmo é visto como loucura. Por isso, a cada dia mais, mais pessoas vivem em função de si mesmas buscando de diversas formas viverem uma vida regada de uma satisfação egoísta. 

Aí você me pergunta: 

— O que isso tem a ver com o meu relacionamento com Deus?

 Tudo. Pelo fato de muitos de nós não serem fortes o suficiente para influenciar a este mundo, por ele, estes são influenciados. E quer saber? O “deixar a vida me levar” deste mundo não nos aproxima de Deus. Ah, o “nada a ver” não existe!

Lendo isto, talvez você busque se justificar dizendo que está no caminho certo pelo fato pensar fazer coisas para Deus. Então... Se você se justifica com esse argumento, você está redondamente enganado.  Nada do que você faz te justifica, viu?  Veja:

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Não vem das obras, para que ninguém se glorie;
Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.”   
                                                            (Efésios 2:8-10)

Aí você me diz:

— Ah, mas eu canto na igreja, danço, profetizo, expulso demônios, faço de tudo. Não é possível que isso não me justifique e diga que estou no caminho certo!”.

Não diz. Olha aí:

Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?
E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.
(Mateus 7:21-23)

Segundo o que está escrito nestes versículos, aquele que faz a vontade de Deus é o que está no caminho certo. Mas como saber qual é a vontade de Deus? 

Respondo da seguinte forma:

Só há como saber qual é a vontade de Deus se entregando com sinceridade a Jesus. A partir daí, estando Ele vivo em nós, há em nós a renovação do entendimento e consequetemente a compreensão de qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.


Oremos a Deus pedindo a Ele que não nos permita ser alcançados pelo engano do pecado e que assim como Jó consigamos nos desviar do mal.

domingo, 31 de maio de 2020

LÁ NO EGITO

Quando nos encontramos onde não queremos estar, consequentemente, imaginamos  como seria maravilhoso ir à um lugar melhor. Pode ser um lugar de verdade ou algo ligado aos nossos sonhos  e sentimentos, ok? Aí, um dia, cansados ou inconformados com aquilo que nos faz mal, vamos embora. 
Só que tem o seguinte:

Se o lugar que almejamos chegar realmente vale a pena, não chegaremos nele com facilidade, muito menos de uma hora para a outra!

O caminho será complicado. Por isso, em algum momento, quando as dores e as demais dificuldades chegarem, vamos achar que talvez não tenha sido uma boa ideia sair de onde saímos. Consequentemente, surgirá o "Será que vale a pena passar por isso?" e o "As coisas eram melhores onde eu estava". Então brota o "Por que continuar?". Chegamos até a acreditar que o lugar no qual queríamos chegar não existe ou que, se existe, não foi feito para nós. Neste momento, a dor danificou a nossa capacidade de  diagnosticar as circunstâncias. Ver além do que sentimos no presente torna-se quase impossível. Quase, ok? Por isso, por ser só quase, podemos acreditar que aquele ditado no qual fazemos uma limonada após ganharmos um limão da vida tem muito a ver com a postura que devemos assumir quando a "linha de chegada" parece distante. 

Agora, é bom deixar claro que tão importante quanto o nosso destino é o caminho que escolhemos para chegar e como nos posicionamos nele. É no caminho que a vida acontece. É no durante. É como cantor Estevão Queiroga disse em "A Partida e o Norte": 

"O caminho muda, e muda o caminhante.
É um caminho incerto, não um caminho errado.
Eu, caminhante, quero o trajeto terminado.
Mas, no caminho, mais importa o durante.
Deixei pegadas lá no vale da morte.
Um solo infértil aos meus muitos defeitos.
Minha vida alargou-se em caminhos estreitos
e eu vi você.
A Partida
e o Norte"

Que com a força daquEle que é a Partida e o Norte suportemos qualquer dor e cansaço, e enfrentemos até o fim todas caminhadas e corridas que a vida nos propuser.

EM OBRAS


Por estarmos decepcionados com os outros e com a gente mesmo, há momentos nos quais dá uma vontade de nos cercarmos de tapumes, começarmos uma nova obra em nós, e só voltar a "funcionar" quando estivermos fortes o suficiente para encarar os problemas e as dores que surgem. Enfim, queremos colocar na nossa testa uma plaquinha com as seguintes palavras:

"EM OBRAS" 

Quando o assunto é a construção de um prédio ou a adequação de um estabelecimento às normas vigentes em um país, o procedimento citado acima faz todo o sentido. Mas, quando queremos fazer o mesmo no que diz respeito a nossa vida, fazemos uma baita besteira. Não há como entrarmos em modo de hibernação e colocarmos para funcionar, assim que acordarmos, a função "ser forte pra enfrentar qualquer coisa". Isso não existe. Nos tornarmos fortes vivendo, encarando, não fugindo dos problemas e nem fingindo que estes não existem. Nos cercarmos, instalarmos tapumes existenciais, e nos isolarmos de gente, só nos adoecerá. Sérinho.
Quando Deus disse que não era bom que homem estivesse só, Ele falou uma das maiores verdades da vida. Sozinhos, podemos muito pouco ou nada.

Em tempos crise, entrar em obra/reforma é essencial. Isso é inegável. Só que, na verdade, esta obra deve ser um mutirão. Precisamos da participação de outras pessoas nesta reconstrução(chame como quiser chamar). Sei que fomos machucados por pessoas, mas ainda existe gente que nos ama e não quer nos machucar. A princípio, você pode contar com estas. E, estando um pouquinho mais fortes, podemos até contar com aqueles que nos machucaram, mas não fizeram por querer. 

Quero muito aprender a viver assim. Por isso, agora, estou em obras, mas não vou trabalhar sozinho. 

#NãoÉBomViverSó

R$10,00 RASGADOS

Em um dia desses, andando pela Central do Brasil, reparava na quantidade de moradores de rua que existiam ali, quando, do nada, vi no chão uma nota de R$ 10,00 ao lado de um casal que havia acabado de acordar. Estranhei o fato dela se encontrar ali sem que fosse pega, e, por isso, pensei: "É sério que eles não a viram?" Olhando de perto, consegui entender o porquê da indiferença. Ela estava rasgada. Não rasgadinha. Estava rasgada como se o motivo dela estar assim fosse uma briga. Aí, pensei: "Tem alguma lição nessa parada aí."

Na verdade, existem algumas: 

1 - Se ela foi rasgada após uma briga, fica claro que ninguém ganhou. E, se ambos dependiam daquele dinheiro para fazer a refeição do dia, ficaram com fome. Pensei isso, pois tal atitude é a cara das pessoas do nosso tempo. É o famoso "eu posso até não ter, mas farei o possível para que você também não tenha". Tal comportamento não é exclusivo da atualidade. Que isso fique bem claro. Mas, nela, acredito que mais do que nunca, a exceção é pensar no bem comum. Como na pós-modernidade o certo é o que eu sinto que é certo, cheios de "razões", fazemos coisas estúpidas por que não conseguimos enxergar nada além de nós mesmos. 

2 - Por causa do mal que nos fizeram e das dores da vida, quando não administramos bem estes males, estamos perto de quem poderíamos abençoar, porém, por que nos deformamos, já não somos mais capazes de fazer algo diferente do que ficar estirados no chão sendo levados para onde o vento quer. O que aconteceu conosco neste momento? Viramos uma nota de dez rasgada. Na verdade, tanto faz o valor. Viramos inúteis, e, por esse motivo, já não conseguem ver em nós o valor que já tivemos. Na verdade, nem nós conseguimos ver este valor. 

MAS...

Há esperança para nós! Afinal, existe alguém que nos olha e vê um valor inestimável. Não é um texto motivacional, ok? Só quero dizer que a consciência de quem somos nEle é o que nos trará valor e nos fará parar de voar sem rumo. Diferente da nota rasgada, nós temos escolha, e, só permaneceremos rasgados se o nosso conformismo for maior do que a nossa vontade de viver e de ser útil.